Introdução

postado por  Pashupati

Antes de começar a contar a história (ou histórias), é melhor explicar por que sou um cínico. Deixando de lado investigações analíticas num passado longínquo, ou motivações externas que tenham afetado meu psiquismo, sou cínico por descaramento, por que possuo uma arrogância intelectual insuperável, também por que sou malvado, um pouco psicótico e muito psicopata, sou cínico ainda por que me diverte rir dos humanos. Enfim sou cínico por que posso.

E, verdade seja dita, toda autobiografia é cínica, ninguém diz verdade sobre si mesmo. Entreguei-me ao meu cinismo depois de anos lutando contra meu próprio ser, comecei duvidando de cada pensamento altruísta que tinha, cada sentimento real, e duvidei tanto que não sei se sofro realmente ou se é tudo jogo de cena. É como uma maldição, quanto mais verdadeiro tento ser, mais cínico me torno.

Assim nem eu sei mais o que é verdade ou não nessas historias. Decidi contar minha vida (minha mesmo?), em contos, primeiro por achar mais fácil e confortável para mim, depois para o leitor atual, ávido por instantâneos. Segundo, por não lembrar de nada na ordem cronológica dos fatos.

Alguns críticos dirão que assim não tem como me conhecer profundamente, ora senhores, quem pode dizer que conhece profundamente um cínico? E, quem quer conhecer um cínico?

Toda vida humana pode ser resumida em duas ou três frases sem peso, assim posso dividir meus anos entre infância: não lembro de quase nada e do que lembro me dizem ser mentira, adolescência: masturbações e sofrimentos amorosos sofríveis e tediosos, idade adulta: sexo, emprego, dificuldade em aceitar a velhice e a morte chegando, busca da liberdade e blábláblá, velhice: morte. Contei toda minha vida, não só a minha, creio eu. Poderia parar aqui, se não fosse cínico. Sendo como sou, seja lá o que isso signifique, publico aqui histórias privadas.

Nelson Braun

 

postado por  Pashupati

Copyright. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do texto sem a
devida autorização do autor.